Open Microphone is an art device of soirées that take place in the outskirts of Fortaleza, Ceará – Brazil. This text weaves happening writing drawn from ongoing research with artist collectives that gather at this place, where a politics of re-existence unfolds. There, the words are incorporated, imaged, and transmuted into chanting to echo the State margins and its institutions, modern-colonial-capitalist architectures, beyond the fortresses that tie the politics and the criticism to present-time colonial architecture, linear and repetitive time of necropolitics gears, power fictions which constrain outskirters’ voices. We think of voices not as abstract conceptions or as property of “voice landlords”, the “owners of sense and critics”, who come to “give voice to those forged as others”. This text draws from Poetics of Relation, by Édouard Glissant, from the radicality of fugitive Black performance, the concepts of escrevivência and re-existence, at an atmospheric thought of freedom and imagination. Hence, the text builds crossroads joining arts and the making of a poet-to-be among a sociology that is chant and flight on the marks of a moving land of “in-common” creation.
Microfone Aberto é um dispositivo-arte dos saraus que acontecem na periferia de Fortaleza (CE). Neste texto, tecemos uma escrita-acontecimento da pesquisa que vem sendo realizada junto às coletivas de artistas que se encontram nesse espaço em relação ao qual se afirma uma política de re-existência. A palavra incorporada, imageada e transmutada em canto ecoa à margem do Estado e suas instituições, arquiteturas moderno-colonial-capitalistas, para além das fortificações que amarram a política e a crítica na arquitetura colonial do tempo presente, tempo linear e de repetição da engrenagem necropolítica das ficções de poder que cerceiam as vozes da periferia. Pensamos a voz aqui não de uma perspectiva abstrata ou tornada propriedade para os “senhores da voz”, “os donos da razão e da crítica” que chegam para “dar voz àqueles e àquelas forjados como outros”. Trabalhando com a Poética da Relação de Édouard Glissant, a radicalidade da performance preta fugitiva, os conceitos de escrevivência e re-existência em um pensamento atmosférico da liberdade e da imaginação, este texto encruzilha as artes com os fazeres de um devir-poeta no meio de uma sociologia que se faz canto e voo nas grafias de um território movente de criação de um “em-comum”.